Nonato Albuquerque e
Wanfil entrevistam Ciro Gomes na rádio Tribuna BandNews.
(FOTO: Daniel Herculano/Tribuna do Ceará).
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O noticiário político
desta semana já está marcado pelas polêmicas declarações do
ex-governador Ciro Gomes, feitas na terça-feira (23), em entrevista
à rádio Tribuna BandNews FM (101.7), do Sistema Jangadeiro de
Comunicação.
Entre outras coisas,
Ciro Gomes chamou o vereador Capitão Wagner de lambanceiro e o
vereador João Alfredo de inconsequente; disse que o procurador Oscar
Costa Filho é exibicionista e sugeriu que o procurador Alessander
Sales pintasse a bunda de branco para aparecer.
Destempero ou método?
Muitos ficam chocados
com o estilo de Ciro, acusado de ser truculento. Eu estive entre os
entrevistadores do ex-governador e o que eu pude perceber, na
verdade, foi cálculo. O que a muitos parece destempero verbal, eu
vejo como método, como ação premeditada. Se não, vejamos. As
declarações foram feitas no rastro de questões sobre segurança
pública e sobre o embargo da obra dos viadutos no entorno do Parque
do Cocó, em Fortaleza.
Na prática, com Ciro
imprimindo seu estilo desbocado, as discussões sempre acabam
transferidas da esfera dos fatos para a das boas maneiras, onde o que
se sobressai são as censuras ou os elogios à falta de polidez do
entrevistado, com a vantagem adicional de deixá-lo em evidência
mesmo sem mandato público ou cargo partidário, e de desviar o alvo
natural das críticas, que seriam o governador e o prefeito, seus
aliados.
Forma e conteúdo
E assim, a forma acaba
ganhando mais relevo do que o conteúdo. É que as disputas políticas
são diferentes das querelas judiciais ou dos debates acadêmicos. Na
política, vale mais a versão do que o fato, já constatava o
mineiro Tancredo neves. E a versão que prepondera é a que faz mais
barulho.
Claro que esse é um
jeito arriscado de atuar nos debates públicos, pois a margem para
erros é demasiada curta. Não há espaço para a hesitação ou
vacilo, pois a palavra dita não tem volta. E não basta querer ser
polêmico, é preciso ter uma personalidade que comporte essa
técnica, que pode ser muito útil, como, por exemplo, na hora de
enfrentar consensos politicamente corretos, ou um desastre, caso
venha a ferir a suscetibilidade do grande público.
Ciro Gomes apareceu na
política com esse estilo, do qual agora faz uso, e com ele se tornou
uma grande promessa da política brasileira. E também por causa
dele, depois um ou dois escorregões, perdeu uma eleição
presidencial. Acontece. Tem hora que funciona, tem hora que não. Por
mais que seja calculado, é sempre um risco.
Informações: Blog do Wanfil,
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