Hitler, Franklin Roosevelt e Getúlio
Vargas, souberam como poucos usar o rádio enquanto instrumento
político. Quando surgiu a TV, John Kennedy logo percebeu sua
utilidade política. Com a Internet não foi diferente. Pouco a pouco
os políticos descobriram as vantagens da comunicação virtual:
ampliou-se o número de sites político-partidários, blogs, twitter,
etc.. Em períodos eleitorais, a Internet transforma-se em mais um
campo de disputa. Eles não hesitam em invadir nossos computadores
com propaganda eleitoral– muitos devem ter perdido votos por isso.
Por que a Internet faz sucesso na
política? Se levarmos em conta a composição social dos usuários
temos a resposta: seu público é formador de opinião. O usuário da
internet constitui uma elite socioeconômica – da classe média às
grandes empresas, incluindo um setor intermediário com pouco capital
econômico mas com certo acúmulo de capital cultural e poder de
influência. Isso explica a sua importância política.
Por outro lado, o espectro ideológico
na Internet é amplo. A pluralidade de idéias e informações
circulando livre e democraticamente, aliado às facilidades da
tecnologia, é um fator positivo; mas também negativo: imagine a
potencialidade para a difusão de idéias racistas, nazistas, etc..
De qualquer forma, não é por acaso que o uso da Internet sofre
restrições em países com governos ditatoriais.
A Internet, advogam os entusiastas, tem
potencial para a construção da cidadania e o fortalecimento da
democracia. De fato, a rede possibilita condições favoráveis ao
acompanhamento e controle dos governantes.
Na Internet, acreditam os mais
otimistas, somos todos cidadãos. Para os espíritos mais
arrebatados, ela é sinônimo de liberdade e a máxima expressão da
democracia. Deslumbrados com as facilidades e possibilidades da rede,
os novos jacobinos esquecem que a virtualidade não elimina a
realidade social e econômica injusta e desigual. Na verdade,
gostemos ou não, a Internet reflete a estrutura de classes e grupos
sociais materializada no capitalismo realmente existente.
Somos parte da elite que incorporou o
computador ao cotidiano. Muitas vezes, o hábito ofusca a visão e
sensibilidade sobre a realidade socioeconômica. Irmanados em nossas
ilhas virtuais, muitos de nós olvidamos um dado simples: a exclusão
digital espelha o apartheid social que mantém milhões de pessoas à
margem. Enquanto nos irritamos com a lentidão da conexão, com o
entulho que recebemos por e-mail, ou com as discussões sobre o sexo
dos anjos, os excluídos reais e virtuais tem que matar um tigre a
cada dia para terem o direito de viver.
Não obstante, reconhecemos as
potencialidades da Internet enquanto meio de ativismo político. Os
Zapatistas foram pioneiros no uso dessa tecnologia – mas também os
grupos fundamentalistas cristãos e a Milícia Norte-Americana nos
EUA. Contudo, o exemplo Zapatista comprova que a militância virtual
é consequente na medida em que se vincule a movimentos sociais
reais.
É necessário refletirmos sobre o
militantismo virtual e até mesmo sobre o significado de escrever e
publicar na rede. Não duvido das boas intenções, mas devemos
atentar para o auto-engano da supervalorização do meio eletrônico
enquanto instrumento de militância. Desvinculada da realidade, a
militância virtual pode até alimentar o ego, apaziguar consciências
e gerar a ilusão de que convertermos os convertidos. É preciso,
porém, reconhecer os limites do ativismo virtual e evitar a
ingenuidade dos que imaginam revolucionar a sociedade através de
e-mails ou textos publicados na rede. Para esse tipo de ativismo a
revolução está literalmente no ar…
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