O presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comemorou hoje (11) a decisão do ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que negou pedido de liminar
para suspender a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a
maioridade penal de 18 para 16 anos. Em seu perfil na rede social Facebook,
Cunha disse que a vontade da população venceu “a vontade de uma minoria
política”.
Eduardo Cunha tem reiterado, em
entrevistas, que adotou um procedimento regular e legal durante a votação da
matéria. O pedido de liminar foi levado à Corte Suprema por 102 parlamentares
de 14 partidos – PMDB, PSB, PDT, PT, PC do B, PPS, PROS, PSOL, PSDB, PV, DEM,
PR, PSC e PTC –, que criticaram o procedimento de Cunha durante a votação, por
ter levado para apreciação uma pauta mais branda sobre redução da maioridade
menos de 24 horas depois de a Casa ter rejeitado projeto semelhante.
Há mais de uma semana, o
plenário da Câmara rejeitou uma proposta de redução da idade mínima penal e,
após acordo com líderes, no dia seguinte, um texto semelhante foi colocado em
votação com algumas alterações. Cunha defendeu que, com a rejeição do texto que
foi apresentado como substitutivo, uma emenda aglutinativa – que funde textos
de outras emendas ou do teor do texto de proposição principal – poderia ser
apreciada.
“Conforme eu já havia dito, a
votação respeitou o Regimento Interno da casa de forma cristalina. Não era a
mesma matéria, era uma matéria da qual foi rejeitado o substitutivo. A proposta
original ficou resguardada”, reforçou Cunha na publicação feita neste sábado.
Ontem (10), o presidente da
Câmara enviou uma manifestação ao STF destacando que os parlamentares tentam
“minar” o andamento legislativo e explicou que não houve irregularidades no
processo, destacando que o Artigo 60 da Constituição Federal – que proíbe que
uma matéria seja votada mais de uma vez na mesma legislatura – não pode ser
aplicado ao caso de emendas aglutinativas. No documento enviado à Corte, Cunha
disse que o segundo turno de discussão e votação exigidos para a aprovação de
PECs será em agosto, depois do recesso parlamentar que começa no próximo dia
18.
O ministro Celso de Mello, que
ocupa a presidência do STF durante o período do recesso judiciário, explicou
que negou a liminar que travaria a continuidade da votação pelo “inexistente
risco de irreversibilidade”. Segundo o ministro, como a matéria ainda será votada
em segundo turno e isso só ocorrerá depois do recesso, “parece afastada a
possibilidade de o procedimento ritual concluir-se de imediato na Câmara dos
Deputados, ainda que o segundo turno de discussão (não, porém, de votação)
possa ter lugar nesta última semana do primeiro semestre legislativo”.
Para o deputado Alessandro
Molon (PT-RJ) a garantia de que o texto não será colocado em votação na próxima
semana foi um recuo do presidente da Casa e o que motivou a decisão de Celso de
Mello. “Conseguimos a primeira vitória, que é impedir a votação da proposta em
segundo turno na próxima semana. Embora o Regimento [Interno da Câmara]
permitisse [colocar em votação], o presidente da Câmara teve que se comprometer
a não votar para evitar a liminar. Foi um recuo do presidente da Casa, que
percebeu que o Supremo tendia a frear a situação”, avaliou Molon.
Em conversa com a reportagem,
Molon explicou que os deputados vão continuar mobilizados para tentar convencer
parlamentares que votaram a favor da matéria a mudar de posição até o segundo
turno. Caso não tenham sucesso e a matéria seja mantida como foi aprovada na
semana passada, o grupo vai insistir na briga judicial.
“Vamos insistir com o Supremo
[para] que, no momento oportuno, se pronuncie sobre a questão que estamos
levando, que é extremamente grave. O comportamento do presidente, passando por
cima do Regimento e da Constituição, é uma medida grave para o Congresso, para
a democracia e para as minorias. A menos que a proposta seja rejeitada e, por
si só, morra”, afirmou o parlamentar fluminense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário