O
pronunciamento dessa sexta-feira (5) de Cid Gomes (PSB) confirma: a espionagem
virou método de fazer política no Ceará. O governador informou que emails seus
foram hackeados, sim. Pelo menos desde o ano passado, informações trocadas em
mensagens privadas entre ele e outras autoridades públicas foram parar na mão
de opositores. Cid citou especificamente o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto
Pessoa (PR), e a ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), como pessoas que
teriam tido acesso a emails trocados por ele com outras autoridades.
São
simplesmente o homem e a mulher que, nos últimos oito anos, comandaram os dois
maiores PIBs do Estado. Na véspera, Eudes Xavier, deputado federal mais ligado
a Luizianne, foi à tribuna da Câmara dos Deputados munido justamente de emails
que teriam vazado – sem que ele explicasse como teve acesso – para denunciar
exatamente o contrário: Cid, juntamente com o irmão Ciro Gomes, o secretário da
Casa Civil, Arialdo Pinho, e o secretário da Segurança, Francisco Bezerra,
teriam articulado a contratação da empresa Kroll para acompanhar os passos de
Pessoa. Xavier leu trechos do que seriam emails trocados por todos eles.
Segundo o
governador, na totalidade, nenhuma das mensagens é verdadeira, mas há trechos
reais, de emails interceptados e reproduzidos, que teriam sido usados, na visão
de Cid, para dar verossimilhança às informações falsas que teriam sido
incluídas.
Em síntese,
o governo e seus principais opositores trocam denúncias de espionagem mútua.
Pelo menos em parte, ela teria efetivamente ocorrido, pelo que disse o
governador. É grave, gravíssimo. Vai abaixo da linha de cintura de qualquer
embate legítimo. Põe em risco a própria noção de democracia. Não se pode
admitir. É coisa que remete aos mais funestos e abomináveis anos da política
nacional. Procuradoria Geral da República e Polícia Federal precisam, sim,
entrar no caso para que não reste dúvida sobre responsabilidades.
O governador
disse que, se os emails são verdadeiros ou se ficar comprovado que ele, Ciro ou
alguém ligado a ele contratou espiões para acompanhar adversários, ele deve ser
preso e vai renunciar ao seu mandato. O fato não é para menos. É preciso ficar
claro quem espionou quem e a mando de quem. Os responsáveis precisam ser
banidos da vida pública e presos, pelo bem da política no Ceará.
Da coluna
Política, no O POVO deste sábado (6), pelo jornalista Érico Firmo:
Via Blog do Eliomar.
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